IGNORÂNCIA OFICIALIZADA
           Parodiando Castro Alves:   Senhor Deus dos analfabetos/ dizei-me então senhor Deus/ se é mentira ou se é   verdade/ tanto horror num Ministério da Cultura!
           Ninguém   nasce sabendo, ninguém tem culpa de não ter sido mandado para a escola e não ter   sido ensinado a ler ou a escrever. Quem tem culpa é a família, a sociedade, os   governos.
           Agora,   ensinar errado é crime, é vergonhoso, é uma afronta aos séculos de estudos, de   pesquisas linguísticas, de dicionários, de enciclopédias, de   gramáticas!
  Sabe-se que escreve melhor quem lê mais, isso é ponto pacífico. Que direito temos, então, de grafar de forma errada o pouco que esses alunos vão ler? E como a leitura, nesse caso, poderá auxiliá-los na grafia certa das palavras?
         Todo   mundo tem condições de aprender a falar e a escrever corretamente! Digo isso com   conhecimento de causa. Além dos trinta anos de magistério, convivo com crianças   e adultos que aprendem o tempo todo. Se minha netinha,  que recém completou   três anos, consegue falar as palavras no plural, até concordando verbos, porque   devemos ensinar a um adulto analfabeto a dizer "os livro"?! Será que os   problemas de concordância do ex-presidente deverão virar norma   gramatical?
            Desistir   de ensinar equações de segundo grau e cálculos complexos a quem passou fome na   infância e não desenvolveu seus neurônios adequadamente é até   aceitável.
           Já   utilizar a língua falada nas periferias e nos ambientes menos escolarizados como   norma culta, sem dar a essas pessoas a chance de se comunicar adequadamente e   postular uma colocação melhor, chega a ser criminoso.
          Por isso   reluto tanto em aderir às tais reformas da língua portuguesa. Porque não   sinto credibilidade em quem as propõe.
          Quando um   órgão criado para determinar as maiores competências no âmbito da cultura de um   país resolve chamar de "preconceito linguístico" a norma culta da língua que   usamos; quando, ao invés de ensinar prefere tolerar as formas equivocadas    e quando essas aberrações são impressas e distribuídas em cartilhas pagas   com o dinheiro o público, só me resta agora   plagiar Boris  Casoy:
          -Isso é uma vergonha!
(recebido por e-mail em 03/06/2011)
(recebido por e-mail em 03/06/2011)

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