arauto
o poeta sangra,
chora e arremata.
brinca, fala sério
e, ao mesmo   tempo, guerreia.
é soldado solitário
mesmo em meio à multidão.
por isso sua alma   clama,
muito mais que todas as outras.
porque ele vê o que não se vê
ouve o que não se ouve
e normalmente   fala
como poucos querem falar.
mas lá, intrépido, está
o poeta.
no posto, como atalaia,
pronto a receber e a entregar
a mensagem que se   avizinha.
com dor, suor, luta ou labor,
não importa.
a mensagem é o que   importa.
muitas vezes mensagens desconexas,
outras tantas convexas.
mas a mente   do poeta não as filtra
embora complexas.
apenas as entrega,
na maioria das vezes em prantos.
não de pena nem   ironia,
senão de agonia,
porque vê do povo o apodrecimento.
esse é teu papel, poeta,
essa é tua lida guerreiro.
ao final da batalha,
sei que lá estarás.
muitas vezes em corpo   inerte,
cansado e quase sem vida;
mas lá estarás, em teu   posto,
impávido e atento
à próxima poesia que vai sangrá-lo.
(ely vidal - arauto - 070511)

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