EDITORIAL   DO JORNAL "O   ESTADO DE SÃO PAULO"
     Jornal O Estado   de S. Paulo toma decisão surpreendente e dá apoio   oficial a José Serra 
             O jornal paulista O Estado de S. Paulo tomou uma decisão   inédita na imprensa brasileira e declarou apoio formal à candidatura à   Presidência da República de José Serra (PSDB). O jornal fez isso por meio da   publicação de um editorial, que diz o seguinte: 
"O MAL A   EVITAR"   
           "A   acusação do presidente da República de que a Imprensa "se comporta como um   partido político" é obviamente extensiva a este jornal. Lula, que tem o mau   hábito de perder a compostura quando é contrariado, tem também todo o direito de   não estar gostando da cobertura que o Estado, como quase todos os órgãos de   imprensa, tem dado à escandalosa deterioração moral do governo que preside. E   muito menos lhe serão agradáveis as opiniões sobre esse assunto diariamente   manifestadas nesta página editorial. Mas ele está enganado. Há uma enorme   diferença entre "se comportar como um partido político" e tomar partido numa   disputa eleitoral em que estão em jogo valores essenciais ao aprimoramento se   não à própria sobrevivência da democracia neste país. Com todo o peso da   responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apoia a   candidatura de José Serra à Presidência da República, e não apenas pelos méritos   do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode   representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social   pautado por valores éticos. O apoio deve-se também à convicção de que o   candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o   País. 
              Efetivamente, não bastasse o embuste do "nunca antes", agora o dono do PT passou   a investir pesado na empulhação de que a Imprensa denuncia a corrupção que   degrada seu governo por motivos partidários. O presidente Lula tem, como se vê,   outro mau hábito: julgar os outros por si. Quem age em função de interesse   partidário é quem se transformou de presidente de todos os brasileiros em chefe   de uma facção que tanto mais sectária se torna quanto mais se apaixona pelo   poder. É quem é o responsável pela invenção de uma candidata para representá-lo   no pleito presidencial e, se eleita, segurar o lugar do chefão e garantir o   bem-estar da companheirada. É sobre essa perspectiva tão grave e ameaçadora que   os eleitores precisam refletir. O que estará em jogo, na eleição, não é apenas a   continuidade de um projeto de crescimento econômico com a distribuição de   dividendos sociais. Isso todos os candidatos prometem e têm condições de fazer.   O que o eleitor decidirá de mais importante é se deixará a máquina do Estado nas   mãos de quem trata o governo e o seu partido como se fossem uma coisa só,   submetendo o interesse coletivo aos interesses de sua facção. Não precisava ser   assim. Luiz Inácio Lula da Silva está chegando ao final de seus dois mandatos   com níveis de popularidade sem precedentes, alavancados por realizações das   quais ele e todos os brasileiros podem se orgulhar, tanto no prosseguimento e   aceleração da ingente tarefa - iniciada nos governos de Itamar Franco e Fernando   Henrique - de promover o desenvolvimento econômico quanto na ampliação dos   programas que têm permitido a incorporação de milhões de brasileiros a condições   materiais de vida minimamente compatíveis com as exigências da dignidade humana.   Sob esses aspectos o Brasil evoluiu e é hoje, sem sombra de dúvida, um país   melhor. Mas essa é uma obra incompleta. Pior, uma construção que se desenvolveu   paralelamente a tentativas quase sempre bem-sucedidas de desconstrução de um   edifício institucional democrático historicamente frágil no Brasil, mas   indispensável para a consolidação, em qualquer parte, de qualquer processo de   desenvolvimento de que o homem seja sujeito e não mero objeto. Se a política é a   arte de aliar meios a fins, Lula e seu entorno primam pela escolha dos piores   meios para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder. Para isso vale tudo:   alianças espúrias, corrupção dos agentes políticos, tráfico de influência,   mistificação e, inclusive, o solapamento das instituições sobre as quais repousa   a democracia - a começar pelo Congresso E o que dizer da postura nada edificante   de um chefe de Estado que despreza a liturgia que sua investidura exige e se   entrega descontroladamente ao desmando e à autoglorificação? Este é o "cara".   Esta é a mentalidade que hipnotiza os brasileiros.
          Este é o grande mau exemplo que permite a qualquer um se   perguntar: "Se ele pode ignorar as instituições e atropelar as leis, por que não   eu?" "ESTE É O MAL A EVITAR   "

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