Páginas

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Daniel na cova dos leões

Daniel na cova dos leões

1 E PARECEU bem a Dario constituir sobre o reino cento e vinte príncipes, que estivessem sobre todo o reino;
2 E sobre eles três presidentes, dos quais Daniel era um, aos quais estes príncipes dessem conta, para que o rei não sofresse dano.
3 Então o mesmo Daniel sobrepujou a estes presidentes e príncipes; porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino.
4 Então os presidentes e os príncipes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa.
5 Então estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a acharmos contra ele na lei do seu Deus.
6 Então estes presidentes e príncipes foram juntos ao rei, e disseram-lhe assim: Ó rei Dario, vive para sempre!
7 Todos os presidentes do reino, os capitães e príncipes, conselheiros e governadores, concordaram em promulgar um edito real e confirmar a proibição que qualquer que, por espaço de trinta dias, fizer uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões.
8 Agora, pois, ó rei, confirma a proibição, e assina o edito, para que não seja mudado, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode revogar.
9 Por esta razão o rei Dario assinou o edito e a proibição.
10 Daniel, pois, quando soube que o edito estava assinado, entrou em sua casa (ora havia no seu quarto janelas abertas do lado de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças diante do seu Deus, como também antes costumava fazer.
11 Então aqueles homens foram juntos, e acharam a Daniel orando e suplicando diante do seu Deus.
12 Então se apresentaram ao rei e, a respeito do edito real, disseram-lhe: Porventura não assinaste o edito, pelo qual todo o homem que fizesse uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, por espaço de trinta dias, e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei, dizendo: Esta palavra é certa, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode revogar.
13 Então responderam ao rei, dizendo-lhe: Daniel, que é dos filhos dos cativos de Judá, não tem feito caso de ti, ó rei, nem do edito que assinaste, antes três vezes por dia faz a sua oração.
14 Ouvindo então o rei essas palavras, ficou muito penalizado, e a favor de Daniel propôs dentro do seu coração livrá-lo; e até ao pôr do sol trabalhou para salvá-lo.
15 Então aqueles homens foram juntos ao rei, e disseram-lhe: Sabe, ó rei, que é lei dos medos e dos persas que nenhum edito ou decreto, que o rei estabeleça, se pode mudar.
16 Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e lançaram-no na cova dos leões. E, falando o rei, disse a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, ele te livrará.
17 E foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova; e o rei a selou com o seu anel e com o anel dos seus senhores, para que não se mudasse a sentença acerca de Daniel.
18 Então o rei se dirigiu para o seu palácio, e passou a noite em jejum, e não deixou trazer à sua presença instrumentos de música; e fugiu dele o sono.
19 Pela manhã, ao romper do dia, levantou-se o rei, e foi com pressa à cova dos leões.
20 E, chegando-se à cova, chamou por Daniel com voz triste; e disse o rei a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?
21 Então Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para sempre!
22 O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum.
23 Então o rei muito se alegrou em si mesmo, e mandou tirar a Daniel da cova. Assim foi tirado Daniel da cova, e nenhum dano se achou nele, porque crera no seu Deus.
24 E ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que tinham acusado a Daniel, e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham chegado ao fundo da cova quando os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam todos os ossos.
25 Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas que moram em toda a terra: A paz vos seja multiplicada.
26 Da minha parte é feito um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo e que permanece para sempre, e o seu reino não se pode destruir, e o seu domínio durará até o fim.
27 Ele salva, livra, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; ele salvou e livrou Daniel do poder dos leões.
28 Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, e no reinado de Ciro, o persa.
Daniel 6 - (Almeida Fiel e Corrigida)

O profeta repreende os juízes por causa da sua injustiça

O profeta repreende os juízes por causa da sua injustiça

1 DEUS está na congregação dos poderosos; julga no meio dos deuses.
2 Até quando julgareis injustamente, e aceitareis as pessoas dos ímpios? (Selá.)
3 Fazei justiça ao pobre e ao órfão; justificai o aflito e o necessitado.
4 Livrai o pobre e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios.
5 Eles não conhecem, nem entendem; andam em trevas; todos os fundamentos da terra vacilam.
6 Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo.
7 Todavia morrereis como homens, e caireis como qualquer dos príncipes.
8 Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois tu possuis todas as nações.
Salmos 82 - (Almeida Fiel e Corrigida)

Deus repreende a Israel pela sua ingratidão e rebelião

Deus repreende a Israel pela sua ingratidão e rebelião

1 EXULTAI a Deus, nossa fortaleza; jubilai ao Deus de Jacó.
2 Tomai um salmo, e trazei junto o tamborim, a harpa suave e o saltério.
3 Tocai a trombeta na lua nova, no tempo apontado da nossa solenidade.
4 Porque isto era um estatuto para Israel, e uma lei do Deus de Jacó.
5 Ordenou-o em José por testemunho, quando saíra pela terra do Egito, onde ouvi uma língua que não entendia.
6 Tirei de seus ombros a carga; as suas mãos foram livres dos cestos.
7 Clamaste na angústia, e te livrei; respondi-te no lugar oculto dos trovões; provei-te nas águas de Meribá. (Selá.)
8 Ouve-me, povo meu, e eu te atestarei: Ah, Israel, se me ouvires!
9 Não haverá entre ti deus alheio, nem te prostrarás ante um deus estranho.
10 Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito; abre bem a tua boca, e ta encherei.
11 Mas o meu povo não quis ouvir a minha voz, e Israel não me quis.
12 Portanto eu os entreguei aos desejos dos seus corações, e andaram nos seus próprios conselhos.
13 Oh! se o meu povo me tivesse ouvido! se Israel andasse nos meus caminhos!
14 Em breve abateria os seus inimigos, e viraria a minha mão contra os seus adversários.
15 Os que odeiam ao SENHOR ter-se-lhe-iam sujeitado, e o seu tempo seria eterno.
16 E o sustentaria com o trigo mais fino, e o fartaria com o mel saído da rocha.
Salmos 81 - (Almeida Fiel e Corrigida)

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O profeta suplica a Deus que livre a sua vinha dos que a destroem

O profeta suplica a Deus que livre a sua vinha dos que a destroem

1 TU, que és pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias a José como a um rebanho; tu, que te assentas entre os querubins, resplandece.
2 Perante Efraim, Benjamim e Manassés, desperta o teu poder, e vem salvar-nos.
3 Faze-nos voltar, ó Deus, e faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.
4 Ó SENHOR Deus dos Exércitos, até quando te indignarás contra a oração do teu povo?
5 Tu os sustentas com pão de lágrimas, e lhes dás a beber lágrimas com abundância.
6 Tu nos pões em contendas com os nossos vizinhos, e os nossos inimigos zombam de nós entre si.
7 Faze-nos voltar, ó Deus dos Exércitos, e faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.
8 Trouxeste uma vinha do Egito; lançaste fora os gentios, e a plantaste.
9 Preparaste-lhe lugar, e fizeste com que ela deitasse raízes, e encheu a terra.
10 Os montes foram cobertos da sua sombra, e os seus ramos se fizeram como os formosos cedros.
11 Ela estendeu a sua ramagem até ao mar, e os seus ramos até ao rio.
12 Por que quebraste então os seus valados, de modo que todos os que passam por ela a vindimam?
13 O javali da selva a devasta, e as feras do campo a devoram.
14 Oh! Deus dos Exércitos, volta-te, nós te rogamos, atende dos céus, e vê, e visita esta vide;
15 E a videira que a tua destra plantou, e o sarmento que fortificaste para ti.
16 Está queimada pelo fogo, está cortada; pereceu pela repreensão da tua face.
17 Seja a tua mão sobre o homem da tua destra, sobre o filho do homem, que fortificaste para ti.
18 Assim nós não te viraremos as costas; guarda-nos em vida, e invocaremos o teu nome.
19 Faze-nos voltar, SENHOR Deus dos Exércitos; faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.
Salmos 80 - (Almeida Fiel e Corrigida)

terça-feira, 2 de outubro de 2007

A assolação de Jerusalém e a oração por socorro

A assolação de Jerusalém e a oração por socorro

1 Ó DEUS, os gentios vieram à tua herança; contaminaram o teu santo templo; reduziram Jerusalém a montões de pedras.
2 Deram os corpos mortos dos teus servos por comida às aves dos céus, e a carne dos teus santos às feras da terra.
3 Derramaram o sangue deles como a água ao redor de Jerusalém, e não houve quem os enterrasse.
4 Somos feitos opróbrio para nossos vizinhos, escárnio e zombaria para os que estão à roda de nós.
5 Até quando, SENHOR? Acaso te indignarás para sempre? Arderá o teu zelo como fogo?
6 Derrama o teu furor sobre os gentios que não te conhecem, e sobre os reinos que não invocam o teu nome.
7 Porque devoraram a Jacó, e assolaram as suas moradas.
8 Não te lembres das nossas iniqüidades passadas; venham ao nosso encontro depressa as tuas misericórdias, pois já estamos muito abatidos.
9 Ajuda-nos, ó Deus da nossa salvação, pela glória do teu nome; e livra-nos, e perdoa os nossos pecados por amor do teu nome.
10 Porque diriam os gentios: Onde está o seu Deus? Seja ele conhecido entre os gentios, à nossa vista, pela vingança do sangue dos teus servos, que foi derramado.
11 Venha perante a tua face o gemido dos presos; segundo a grandeza do teu braço preserva aqueles que estão sentenciados à morte.
12 E torna aos nossos vizinhos, no seu regaço, sete vezes tanto da sua injúria com a qual te injuriaram, Senhor.
13 Assim nós, teu povo e ovelhas de teu pasto, te louvaremos eternamente; de geração em geração cantaremos os teus louvores.
Salmos 79 - (Almeida Fiel e Corrigida)

A salvação que Deus concedeu...

A salvação que Deus concedeu a Israel: a rebelião contra ele: Deus escolheu Judá e Davi para pastorear Israel

1 ESCUTAI a minha lei, povo meu; inclinai os vossos ouvidos às palavras da minha boca.
2 Abrirei a minha boca numa parábola; falarei enigmas da antiguidade.
3 Os quais temos ouvido e sabido, e nossos pais no-los têm contado.
4 Não os encobriremos aos seus filhos, mostrando à geração futura os louvores do SENHOR, assim como a sua força e as maravilhas que fez.
5 Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e pôs uma lei em Israel, a qual deu aos nossos pais para que a fizessem conhecer a seus filhos;
6 Para que a geração vindoura a soubesse, os filhos que nascessem, os quais se levantassem e a contassem a seus filhos;
7 Para que pusessem em Deus a sua esperança, e se não esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos.
8 E não fossem como seus pais, geração contumaz e rebelde, geração que não regeu o seu coração, e cujo espírito não foi fiel a Deus.
9 Os filhos de Efraim, armados e trazendo arcos, viraram as costas no dia da peleja.
10 Não guardaram a aliança de Deus, e recusaram andar na sua lei;
11 E esqueceram-se das suas obras e das maravilhas que lhes fizera ver.
12 Maravilhas que ele fez à vista de seus pais na terra do Egito, no campo de Zoã.
13 Dividiu o mar, e os fez passar por ele; fez com que as águas parassem como num montão.
14 De dia os guiou por uma nuvem, e toda a noite por uma luz de fogo.
15 Fendeu as penhas no deserto; e deu-lhes de beber como de grandes abismos.
16 Fez sair fontes da rocha, e fez correr as águas como rios.
17 E ainda prosseguiram em pecar contra ele, provocando ao Altíssimo na solidão.
18 E tentaram a Deus nos seus corações, pedindo carne para o seu apetite.
19 E falaram contra Deus, e disseram: Acaso pode Deus preparar-nos uma mesa no deserto?
20 Eis que feriu a penha, e águas correram dela: rebentaram ribeiros em abundância. Poderá também dar-nos pão, ou preparar carne para o seu povo?
21 Portanto o SENHOR os ouviu, e se indignou; e acendeu um fogo contra Jacó, e furor também subiu contra Israel;
22 Porquanto não creram em Deus, nem confiaram na sua salvação;
23 Ainda que mandara às altas nuvens, e abriu as portas dos céus,
24 E chovera sobre eles o maná para comerem, e lhes dera do trigo do céu.
25 O homem comeu o pão dos anjos; ele lhes mandou comida a fartar.
26 Fez soprar o vento do oriente nos céus, e o trouxe do sul com a sua força.
27 E choveu sobre eles carne como pó, e aves de asas como a areia do mar.
28 E as fez cair no meio do seu arraial, ao redor de suas habitações.
29 Então comeram e se fartaram bem; pois lhes cumpriu o seu desejo.
30 Não refrearam o seu apetite. Ainda lhes estava a comida na boca,
31 Quando a ira de Deus desceu sobre eles, e matou os mais robustos deles, e feriu os escolhidos de Israel.
32 Com tudo isto ainda pecaram, e não deram crédito às suas maravilhas.
33 Por isso consumiu os seus dias na vaidade e os seus anos na angústia.
34 Quando os matava, então o procuravam; e voltavam, e de madrugada buscavam a Deus.
35 E se lembravam de que Deus era a sua rocha, e o Deus Altíssimo o seu Redentor.
36 Todavia lisonjeavam-no com a boca, e com a língua lhe mentiam.
37 Porque o seu coração não era reto para com ele, nem foram fiéis na sua aliança.
38 Ele, porém, que é misericordioso, perdoou a sua iniqüidade; e não os destruiu, antes muitas vezes desviou deles o seu furor, e não despertou toda a sua ira.
39 Porque se lembrou de que eram de carne, vento que passa e não volta.
40 Quantas vezes o provocaram no deserto, e o entristeceram na solidão!
41 Voltaram atrás, e tentaram a Deus, e limitaram o Santo de Israel.
42 Não se lembraram da sua mão, nem do dia em que os livrou do adversário;
43 Como operou os seus sinais no Egito, e as suas maravilhas no campo de Zoã;
44 E converteu os seus rios em sangue, e as suas correntes, para que não pudessem beber.
45 Enviou entre eles enxames de moscas que os consumiram, e rãs que os destruíram.
46 Deu também ao pulgão a sua novidade, e o seu trabalho aos gafanhotos.
47 Destruiu as suas vinhas com saraiva, e os seus sicômoros com pedrisco.
48 Também entregou o seu gado à saraiva, e os seus rebanhos aos coriscos.
49 Lançou sobre eles o ardor da sua ira, furor, indignação, e angústia, mandando maus anjos contra eles.
50 Preparou caminho à sua ira; não poupou as suas almas da morte, mas entregou à pestilência as suas vidas.
51 E feriu a todo primogênito no Egito, primícias da sua força nas tendas de Cão.
52 Mas fez com que o seu povo saísse como ovelhas, e os guiou pelo deserto como um rebanho.
53 E os guiou com segurança, que não temeram; mas o mar cobriu os seus inimigos.
54 E os trouxe até ao termo do seu santuário, até este monte que a sua destra adquiriu.
55 E expulsou os gentios de diante deles, e lhes dividiu uma herança por linha, e fez habitar em suas tendas as tribos de Israel.
56 Contudo tentaram e provocaram o Deus Altíssimo, e não guardaram os seus testemunhos.
57 Mas retiraram-se para trás, e portaram-se infielmente como seus pais; viraram-se como um arco enganoso.
58 Pois o provocaram à ira com os seus altos, e moveram o seu zelo com as suas imagens de escultura.
59 Deus ouviu isto e se indignou; e aborreceu a Israel sobremodo.
60 Por isso desamparou o tabernáculo em Siló, a tenda que estabeleceu entre os homens.
61 E deu a sua força ao cativeiro, e a sua glória à mão do inimigo.
62 E entregou o seu povo à espada, e se enfureceu contra a sua herança.
63 O fogo consumiu os seus jovens, e as suas moças não foram dadas em casamento.
64 Os seus sacerdotes caíram à espada, e as suas viúvas não fizeram lamentação.
65 Então o Senhor despertou, como quem acaba de dormir, como um valente que se alegra com o vinho.
66 E feriu os seus adversários por detrás, e pô-los em perpétuo desprezo.
67 Além disto, recusou o tabernáculo de José, e não elegeu a tribo de Efraim.
68 Antes elegeu a tribo de Judá; o monte Sião, que ele amava.
69 E edificou o seu santuário como altos palácios, como a terra, que fundou para sempre.
70 Também elegeu a Davi seu servo, e o tirou dos apriscos das ovelhas;
71 E o tirou do cuidado das que se acharam prenhes; para apascentar a Jacó, seu povo, e a Israel, sua herança.
72 Assim os apascentou, segundo a integridade do seu coração, e os guiou pela perícia de suas mãos.
Salmos 78 - (Almeida Fiel e Corrigida)

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Zona eleitoral e seus reféns...

Tradicionalmente zona eleitoral significa circunscrição judiciária sobre
a jurisdição de um juiz. A Justiça Eleitoral tem o dever de assegurar
para a nação a tríade: independência, consciência e equilíbrio nos
pleitos. Pelo velho Código Eleitoral artigo 299, constitui crime a
conduta de "dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber para si ou
para outrem, dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem para obter ou
dar voto". Seguiram-se legislações criminalizando o que se denominou
"abusos" de poder econômico e político, com severas sanções. A
Constituição elenca princípios da legalidade, impessoalidade e
moralidade a vincular atos dos três poderes. Tudo é concebido para que o
eleitor exercite seu direito ao voto sem quaisquer interferências. Votos
dados sob influxos de benesses pessoais viciam um pleito.
Em verdade, somente quem paga as suas contas, sem favores ou humores
alheios, é independente. Muitos vislumbram grande incoerência na
concessão, a título precário, de benesses estatais como "bolsa
família"(mesmo com o nome original do governo anterior) sob a ótica do
vigente direito eleitoral. É dinheiro público doado aos pobres com algum
critéro na concessão, mas sem nenhum na suspensão do benefício. Isso
redunda num temor ao "beneficiário bolsista" que o faz refém do voto
direcionado.
A colidência com o sistema eleitoral poderia ser evitada, caso fosse
previamente consultada a nação e elaborados estudos técnicos no encontro
de uma fórmula equilibrada de ajudar os carentes, sem contaminar
eleições, com imenso alcance social. Surgiriam debates a recomendar por
prudência, que no momento da concessão desses auxílios para a
sobrevivência da pessoa, o título de eleitor do beneficiário ficasse com
restrição temporária para o exercício do voto. Com a reabilitação do
cidadão cessaria tanto o benefício quanto a restrição. Esta "cláusula de
barreira" imporia critérios de concessão somente em caso de extremíssima
necessidade abolindo o atual interesse frenético de inclusão de pessoas,
imotivada e imoderadamente, na lista de beneficiários (por parte de
políticos demagogos) e ameaças veladas de exclusão.
Um poder sobre a sobrevivência ou liberdade de uma pessoa vicia sua
vontade. Com base nisto, presos não votam! Eleições democráticas
verdadeiras reclamam liberdade e independência do eleitor.
Se em direito processual é possível opor suspeição de juiz, promotor,
testemunha, peritos, jurados, mesários e de funcionários públicos em
geral, qual o motivo para não se reconhecer a suspeição de eleitor no
processo eleitoral?
Com a moralidade em crise a conduzir o País mais para "Sodoma e Gomorra"
que ao futuro mendazmente apregoado onde agoniza a saúde pública,
segurança e educação, prosperando apenas a demagogia, não sei mais o
significado de zona eleitoral (salvo o vulgar). Afinal, tem algum
autêntico político nessa zona, com coragem para enfrentar, discutir
democraticamente e resolver o problema resgatando nossos pobres irmãos
reféns?

Elias Mattar Assad (eliasmattarassad.com.br)é presidente da Associação
Brasileira dos Advogados Criminalistas.